Josefinos de Murialdo
Deus nos ama
A feliz descoberta da misericórdia de Deus, depois da crise juvenil em Savona, foi o centro ao redor da qual progressivamente cresceu a unificação interior e toda a existência de Leonardo Murialdo. Pecado, perdão, abandono e misericórdia marcaram dali em diante toda a sua vida em modo crescente, cada vez mais profundo.
Muitos anos depois, no Testamento Espiritual, ele recorda a sua “conversão”: “em 1843, de volta do Colégio de Savona, verdadeiro filho pródigo, cheio de mil pecados, eu vim me confessar: Padre, pequei contra o céu e contra de ti. Então abriste à minha oração o teu coração de pai, escutaste esta oração e resgataste uma alma destinada a ser teu templo, mas que durante muito tempo não foi senão que uma casa do demônio. Ó como a tua infinita misericórdia me tornou sensível naquele instante”. (Testamento espiritual p. 145)
Ele experimentou “a acolhida verdadeiramente paterna” de um “Deus infinitamente bom, infinitamente misericordioso” (Testamento espiritual, p. 125 e p. 149) e esta comovida experiência de perdão e de amor de Deus se prolongou na maravilha de ser chamado à vida sacerdotal e religiosa.
A experiência da misericórdia de Deus se tornou o núcleo central de sua espiritualidade. Consciente de ser continuamente amado por Deus, de modo infinito, terno e, sobretudo, misericordioso, Murialdo se empenhou com todas as forças em responder ao amor “infinito” de Deus com um amor “infinito”, isto é, com todo o seu ser. É esta a tendência espiritual que o acompanhou por toda a vida e que concretizou com o abandono filial à Providência do Pai, na docilidade à sua vontade divina, numa intensa oração, na penitência e na caridade operosa.
Esta é a sua certeza de fé que se tornou o carisma que ele intencionalmente quis transmitir aos seus “caros filhos e confrades”, a fim de que pudessem alcançar “uma confiança absoluta” (Testamento espiritual p. 71), em Deus misericordioso e se tornassem divulgadores do “conhecimento do amor infinito, atual e individual que Deus tem para cada pessoa [...] e do amor pessoal que ele tem para cada um em particular (Testamento espiritual p. 111). No "testamento espiritual" à congregação, Murialdo deixou dois desejos e este foi o primeiro. O segundo desejo se insere na mesma linha desta descoberta existencial: viver e difundir a devoção a Maria medianeira de graças e mãe de misericórdia (Testamento espiritual pp. 119-123).